Me escuto sem pensar no sentir. Mudei pelo devaneio de um sonho, como se eu fosse a melodia do abstrato. Minha voz fala cantando poesia. A ausência escuto pelo reconhecível de mim. Quando o silêncio penetra na canção, tudo é irreconhecível, se escuta. O puro interior se ouve, se ama, sem o interior. A sensação de vazio, deixo o leve acessível, como a única sensação vivida no fim da vida. O amor continua essencial, mas quem pensa em amar ao morrer? Eu seguro a melodia no seu abstrato, e pelo abstrato sinto a poesia, a música, concretamente, mesmo com melodia. A melodia não é a música, por isso é uma maneira de me distanciar da música. Música é o que crio dentro da música. O céu é uma canção de silêncio. O silêncio é o que procuro na música: o meu silêncio da música é uma oração de vida. Música é onde o vazio se liberta do vazio. O que não é música é vida. Por isso a imperfeição da vida respira música.