O amor é pior sem morrer? A morte busca o amor, o ser busca o ser. Essa busca é pior que morrer. A busca é pior que morrer. A busca é um infinito particular, em busca da não destruição universal. Morrer é sem ilusões. A angústia é o infinito sem sofrer. O amanhecer é angústia eterna. Mesmo assim, amanheço. A vida deixa o amanhecer vazio, como se não houvesse a plenitude: esquecer do amanhecer. A realidade não é o vazio, a realidade é o que sou para mim. Se me imagino uma estrela, sou essa estrela, de onde nasce a solidão pela vida. O nascer da solidão é sonhar. Divido-me entre o sonho e a realidade, pareço não ser só, pareço ser a única entre a realidade e o sonho. Tanto o real como o sonho são poesias. O tempo é a falta do real e do sonho. O que vejo não é real nem sonho, mas existe na inexistência apenas o amor percebe a inexistência de um sonho, pode cessar o sonho. Mas o amor é inexistente, como se assim pudesse durar. O excesso de morte cessou. A inexistência surgiu a existência, abraçando seu nascimento: a morte.