Blog da Liz de Sá Cavalcante

Alma nova

A saudade não pode me fazer viver, mas me dá alma nova. A morte me consumiu. A alma é tão nova, renascendo, não pode me fazer feliz, mas a alegria se dá a mim, sem motivo ou explicação. Alegria, se eu fosse feliz, e você estiver triste, você aceitaria eu ser sua alegria? Alegria, já necessitou de mim alguma vez? Necessitar de mim para a alegria ser feliz é como viver. Alma nova para a alegria, uma alma que faça parte da alegria de um adeus a mim. Sem retorno ao nada, me apropriei do adeus a mim. O mar desliza em mim como sendo a transparência de morrer, única verdade da morte, perdida ao meu redor. Morrendo, eu escuto melhor o mar. Eu o escuto ao me recolher de mim. O silêncio me vê por inteira, desacreditei do silêncio, sou apenas alma sem silêncio. Me recolhi na perda, ficando em mim? É fácil renunciar o que sou, o difícil é renunciar a perda de mim. Recolher o amor para não ficar só. Não posso modificar a vida, o amor, mas posso agir certo, isso me fará amar mais ainda. Escrevendo, percebo que amor é eterno no que diz. Eternidade é muda de amor. Não quero que as lembranças de amor, quero que a lembrança seja triste, como se nascesse agora, de mim, sendo o meu momento de me sentir só. Solidão é falta de desamparo de morrer, é olhar nos olhos de quem amo, e morrer por ficar sem ficar. O silêncio é a permanência de ficar. Há permanências sem ficar. A permanência de morrer pode nada durar. A duração de um instante, mesmo que não seja muito, é a morte. O tempo, isento da morte, torna-se apenas um único instante.