Blog da Liz de Sá Cavalcante

Estou lacrada, fechada em mim

É impossível eu sentir mais do que sinto, mesmo sem sentir, não estou vazia. Não escuto com um suspiro, escuto amando. O tempo acompanha a morte. A morte não acompanha o tempo. Talvez exista o tempo em morrer. O que existe pela morte é a minha ausência. Não sou eu quem é a morte, e por isso deixou a morte como quem deixa um ser. A ausência é um ser mais evoluído, consegue morrer pela minha essência, que é mais importante que a minha vida. Vida foi o que a morte me deixou sem o seu fim. O abismo é a única luz. Sem abismo, não há nada, e a luz, única alegria de amar, se tornou vazia em sua luz, que desaparece no sempre. Talvez esse sempre seja a salvação da luz. Mas o sempre cessa na luz. A luz se vê no meu amor. Quando nada me falta, o vazio se completa com a minha alegria. Não existe alegria maior que o vazio, que essa vontade de lutar, vencer, nem que seja no vazio. O vazio é a única esperança de ser triste eternamente. Tão triste como a lua que não se esconde. Cuidar da alma é uma ausência que não sofre por mim.