A alma descansa no nada, que é um pensar feliz, como as pedras que não sentem o mar, mas escutam o barulho das ondas, se sentem viver. As pedras são o inconsciente do mar. Pelo mar tudo é eterno, tudo são pedras. Se sou um sonho, existo como se as pedras fossem o meu mar. Um mar de pedras afundou o meu amor. Tenho que capturar a essência do mar no meu amor. O mar foi perdido pela sua essência, encontrada sem o mar. A essência não é Deus. Deus para mim é continuar a existir. A tristeza é o que me faz sonhar. Tive sonhos sem sonhar. O que me faz existir para o mar é o sonho. Saudade não é desejar viver, a saudade é a vida, é respirar livre no nada de mim. Não há respirar que seja alma. O sonho é o meu respirar. Respirar sem a vida é sonhar. Sonho até com a tristeza, não é o sonho que cuida de mim, eu cuido do sonho ao sonhar. Sonho até sangrar por dentro de mim, como se eu fosse o ar que eu respiro, que invade meus sonhos em ser feliz. Eu sou a sobrevivência do ar que respiro. Mesmo assim, o ar respira sem mim. Respira tão profundamente, parece o céu a respirar a vontade de viver, mas é o ar que respira o céu.