O vazio volta como nada. Nada é o vazio respirável de ser um adeus. Se eu soubesse desse afastamento do adeus, não me despediria desse adeus. A despedida é um respirar eterno, o adeus é o fim do respirar. A angústia de respirar é a alma em chamas, é a certeza da vida. A morte é o amanhecer. O amor está entre o ser e a morte. Eu estou entre o abismo e o sol. O sol logo cessará, terei apenas esse abismo para me proteger, me enfiei, desabei no abismo para não me sentir sofrer. Em vez de não morrer, morri mais ainda por não sofrer. O vazio é respirável, o sofrer não é. Olho o nada pela desatenção da vida, penso ver a vida no nada. Mas não é esse o nada de mim: o nada de mim é meu amor sem ausências. O nada conforta a ausência, assim vão nascendo os dias sem vida.