Viver sem viver é uma poesia que não conseguiu nascer. O interior são lágrimas que se absorvem num adeus. Trazer a morte para mim num adeus de eternidade vazia. Mas o meu adeus é permanecer em mim, como se eu fosse o esquecer de uma poesia. Esquecer é saber como estou. A poesia, no esquecimento, não se esqueceu. Na lembrança, a poesia se esquece, mas não deixa de sentir o sentir da poesia, que deveria ser o sentimento do mundo. Não existe ser de uma lembrança, mas existe lembrança de ser. Ser, para uma lembrança, é eternizar sem lembranças. A lembrança que dura é o ser. O abraço é a lembrança de viver. Seria só se a solidão não me desejasse? Desejar ser só significa desejar viver? Pode-se desejar viver junto a algo ou a alguém? O que eu amo é amor? Onde surge a vida a eternidade cessa. Eternidade é ver no amor o que ainda posso ser. Ser para o amor é não ser para mim? O tempo é o que nunca reage ao ser. O tempo obedece ao ser para que o ser não morra. A morte não gosta do tempo. Não sei se o amor é errado ou é imaginação. Sei que não vivo sem o amor. O amor refaz a vida. A imaginação da vida é mais do que a vida. Eu lutei para viver como se tivesse o sorrir da vida para me dar força nos momentos insuportáveis, tristes em viver: é como se a alma nunca tivesse partido. Partir é me fazer chorar, por isso, não vou partir de mim, mesmo se eu chorar, não vou me separar de mim. Sou inseparável de mim, da alma, da vida, da morte. Por isso, posso chorar de amor, tudo está em mim. O que está em mim não deixa nada partir, é amor. Viver sem viver é privilégio do sonho.