Blog da Liz de Sá Cavalcante

Vida protetora

A vida me protege de mim, do sofrer. A vida são mãos que sufocam o corpo com uma agonia sem mãos, que suportam a vida, como se tivesse mãos para moldar a realidade. Fiz da realidade as minhas mãos, congeladas do nada de pensar em ti. A realidade das minhas mãos procura, eu quero não encontrar para te ver. Talvez eu nunca saiba como te olhar, te amar. Não há palavras para o olhar. Fecho os olhos para me ver. Ser é um olhar perdido, no nada, na plenitude do não ser. Eu sou a minha vida, mesmo sem viver. A vida morre pela sua aparência, nunca mais teve uma aparência, por isso, não é só, tem o privilégio de se perder, me perder. Mas tudo não é nada, por isso, o vazio, a angústia, diante de quem sou, para estar fora de mim, onde não posso ser eu? Para que ser eu? Ser eu me faz viver? Nunca saberei a verdade da vida, mas, nem por isso, perdi a verdade de ser.