Blog da Liz de Sá Cavalcante

A lembrança da eternidade

A lembrança da eternidade é a eternidade. O amor é falta de eternidade. Nada pode ser a lembrança da eternidade. A eternidade, sonhando em vidas existentes: tem uma à outra, mas não podem fazer do mundo um mundo para todos. A paz não é apenas eternidade, a paz deveria ser todos nós. Desistir do amor é desistir de mim. Amor, leveza que desaparece em amar. Desaparece para receber as estrelas no infinito da imensidão do céu. Abraçar a alegria é pouco para quem é feliz. Há vida para sorrir, isso é melhor que sorrir. Amo profundamente meu desejo de sorrir, que pode se realizar. Tudo tem a alma de um sorriso, transborda amor. Tudo que conquistei é amor. Fiz da tristeza amor. O amor se recupera sem ser triste. A única realidade é o amor. Nem o amor tem uma irrealidade que não seja o ser. O ser pelo ser? Quero apenas a realidade de ser para amar. Não deixo de amar, mas, para me deixar amando, penso que perdi apenas o fim de algo inexistente. Escrever é a razão do amor existir. Olhar o infinito sem sofrer é nunca ver o sol. Sempre é possível mais sol, se o olhar for o derradeiro sol, como uma nuvem em busca de céu. Céu, olha para mim, veja em mim o teu azul, o teu céu mais profundo. O céu, no vazio das estrelas, ainda é céu? Achei o céu no silêncio interior da alma, abafando o amor. A lembrança da eternidade é a emoção do céu no meu amor. A amizade da eternidade com o tempo fez nascer o nada. Nada tem o tempo de um adeus. O adeus é apenas físico. O emocional é eterno, protege o corpo com um adeus. Nem mesmo o adeus sabe como o corpo se foi. Tudo é o mesmo no passado. Nunca mais terei a vida inteira em poesias incompletas, onde não esqueço o que me faz só. Só, para não sofrer. A solidão, poesia que permanece. O tempo não passa, nós não sustentamos o tempo. O tempo era para ser o tempo de cada um, quem sabe assim seria tão eterno quanto pensar? O amor seria amor se ele existisse? O início é o fim. O céu é uma página em branco na minha vida. Posso criar no céu a minha vida, mas não posso resgatar o que devia ter sido o que não vivi. Viver é não viver o que não foi vivido: instantes vazios sem mim. O vazio tem a ternura de Deus, ultrapassa a vida no ser. A vida, dela resta apenas o passado. Mas de passado não se vive, então vivi a vida, vivi a mim.