Posso morrer sem me isolar, fazer do barulho do mar minha outra vida, uma nova vida, que vivo apenas no amor do mar. É ao morrer que escuto o som da minha consciência, como sendo o mar. Deixo a alma penetrar na morte, sem entrar dentro da morte: a morte é o seu interior. O mar suspende o caminho do amor. Suspende o meu ser no amor, que é capaz de me suspender no vazio de ser. O som da eternidade diminui minha intensidade de ser. A alma se disfarça em ser. O vento se esconde no recolhimento do tempo. O som da vida pertence ao passado sem vida, como se o som desse vida ao passado de olhar. São tantos olhares perdidos no passado, onde nasce a realidade, mais perdida do que o passado. Por isso, a realidade não é triste. Seu cansaço é de amor. Por isso, não se sente cansada, mesmo cansada. Colocar-me dentro de um amor sem amor é acabar com a superficialidade da vida, é ouvir Deus pela vida, onde nada me falta.