Blog da Liz de Sá Cavalcante

Por que não consigo permanecer em mim?

Ter alma não me ajuda a ser. Permanecer é ser só. A beleza solitária é como uma luz que ilumina uma única vez. Se sentiu como se fosse a única luz. Minhas mãos consolam o meu corpo por não tocar a alma. Tocar é reviver o que não vivi apenas em tocar. O silêncio é a morte me tocando. Perdoar é morrer. Não consigo ficar sem morrer, é mais forte que eu. O quanto preciso morrer para viver? A morte sempre tem razão. Viver não me faz morrer, nada quero da vida. A vida consola a minha morte, vejo apenas solidão. A solidão une a morte e a vida. Fui separada da minha interioridade pelo meu amor. A despedida é prosseguir, conseguir, mesmo sem vida. Permanecer é tudo que posso fazer por mim, pela vida. A alma não espera o tempo para viver. Ser é um passo para a eternidade. Tudo faltou na eternidade, faltou até o vazio. O vazio da eternidade é sem ser, sem alma. Canto mudo que a eternidade escuta. A alma emudece perante mim, pela minha eternidade, nunca mais falará. Falar, mudez da alma, surdez da vida. Meu amor, já que não posso te fazer companhia, minha morte fará companhia ao meu próprio amor. A morte não é menos triste que o amor, quando transcende a alma.