O fim da morte é a poesia. Expandir a vida, onde o sol se esconde, para que o sol seja meu no meu amanhecer, que é mais que luz, é sabedoria. Pensei que minha vida fosse minha morte. Só assim percebi que morri por dentro de mim! Eu não sou da vida, mas não preciso morrer por isso! Não existo mais nem pela dor. Por isso dou flores para minha morte. Essa atitude de morrer por flores tornou a vida flores. Vida de flores escapa da alma, do amor. Eu já fui feliz na minha imaginação, onde tudo é infinito pela beleza das flores, que se mistura à beleza do meu ser! Nada pode me fazer feliz, então o nascer das flores é minha única alegria, como se fosse uma poesia que não vou escrever, pois já existe em mim. Levo a poesia da alma na poesia da vida. Meu amor está na minha ausência. Por que o resto não pode também ser ausente de mim? Em mim, a ausência é como o sol, mas transcende na chuva da alma, do pensar! Uso o conhecimento para nada conhecer. Assim, a vida flui em paz. Tudo pousa no meu pensamento inexistente. A vida é a inexistência do ser. Conhecer antes era amor. A inexistência é o recomeçar. Esta é minha alegria. Nenhuma alegria é a vida que quis. Lágrimas secas por reviver a vida, sem alegrias. Alegria é deixar a dor fluir num mar de emoções. O sol socorre o céu com amor. A alma surgiu para ser alma sem ser alma. Assim, pensa se vingar de tantas mortes, tantas vidas. O ser não viver para se conhecer. O meu ser vive para amar! O desconhecer, como uma aparência fiel da vida, que nem a poesia consegue olhar para o desconhecer, que devia estar ausente. A ausência se conhece sem passado. Deixa a ausência incendiar a minha pele de fogo, prazer, para que minha pele nunca esteja viva, para o corpo ter liberdade de sentir calor, frio exterior à pele. Por que necessitaria viver como pele? Mesmo sem pele, os ossos, a alma, o olhar em envelhecem! A pele não é um abraço, é por onde deixo de abraçar! As feridas da alma não estão na pele, então por que a pele grita, dilacera? Talvez minha pele seja alma. Me sinto superior à alma: sou eu a contemplação da vida! São tantos os recomeços, mas nenhum é morte, vida de mim mesma. Há muito mais para ser sem mim. Quero ser livre para morrer, para que a vida cante para mim, como os pássaros cantam em mim, com o silêncio da minha voz. Que ela não comunique o inferno que é a alma sem dor. É como se nem os pássaros quisessem cantar minha dor. Mas meu silêncio tem a voz que canta internamente em mim, como o sol que vai se pôr para o nunca mais, onde a liberdade deixa-me só, na luz do sol. Nem a luz do sol dá um fim à solidão. A solidão não precisa de luz para me sentir. Ver é deixar de sentir por uma ilusão que vive como sente, mesmo na falta de amor! O amor não sente falta de nada, mas não é absoluta, como apenas a morte pode ser.