Não me sinto real, não sou real, mas de mim sai algo real: a poesia. Tão real a poesia, que não importa se sou irreal. Sinto-me viva apenas quando escrevo. Escrever é luz quer não se apaga. Na poesia, o amanhecer é eterno. Considero a alma negando-a. Negar é querer algo de mim. Fazer da negação uma afirmação é dizer sim à ilusão e às suas consequências. Há tanto tempo existe a vida, mas nada mudou com a vida. É do mesmo modo quando existia apenas o nada. Não me sinto vazia com o vazio: com o vazio sinto a alma, mas o amor da alma me esvazia, exaure. Nessa exaustão encontrei o meu ser. Nada é suficiente na alma, mesmo assim, ela é feliz.