Blog da Liz de Sá Cavalcante

A morte é obra humana

A humanidade criou a morte com seus erros. O desaparecer é a aparência do nada. A morte não tem aparência, por isso, eu a vejo sempre mais. É pela inconsciência que sinto vazio dentro de mim. A morte conversa comigo no meu vazio: parece o silêncio da vida. Não sou, o vazio e a morte são. Nem a morte me faz existir, minha única esperança de existir é pela morte. Não existe vida sem poesia. Poesia é aceitar a morte para viver. A existência é a morte sem a vida. O corpo deixa o vazio noutro corpo, um corpo fantasma, que libera o corpo num nada sem corpo! O corpo sem o nada é a liberdade da solidão que sinto meu corpo viver sem a solidão. Meu corpo se abraça para não ser só. O corpo é a alma aprisionada na alma. A vida da alma é dar prazer, amor, minha vida é ser amada. O abismo é o chão, o chão é o abismo. Minha alma é o chão do abismo. Será que existe apenas eu e o nada? Será essa percepção o fim da solidão? Solidão é uma vela acesa na escuridão, e os fragmentos de luz dos meus olhos veem apenas a luz da solidão, sinto como vida, esperança. A eternidade não é só, pois a morte é obra humana. Eternidade é o que ficou em mim para sempre em morrer: a tua vida.