Blog da Liz de Sá Cavalcante

Resiliência (suportar)

O fim do amor é a essência em mim. Nadar na secura do amor não o suportando por suportar. Gostei de nada do amor, que é abandono. Mas preciso amar, nem que seja para deixar de amar. O nada não justifica ser só. Pelo nada, a solidão é agradável absorve o tempo. Tenho a vida inteira para sentir essa solidão, como então eu tenho pressa de viver? Procuro a vida na minha solidão, encontrei apenas o nada. A aparência é tão subjetiva que desaparece no seu desaparecer, como se não houvesse ausências, e tudo fosse presença da falta de aparência. A aparência não é uma lembrança que apaga a morte: é o que ainda posso viver. Viver não é ser, é o que se esconde atrás da aparência. A aparência me deu a vida. Uma aparência sem corpo, alma, onde vejo o nada de mim. O nada não é para o nada de si, é para mim. Nada é o passado. O passado é imortal. Tem alegrias que se repetem, deixam de ser alegria. A alegria do sono é o despertar. Tudo desperta dormindo. O mundo é o único despertar perante Deus. Somos como zumbis, vagando de um sono a outro. Como seria despertar noutro alguém? Seria diferente de me despertar? O despertar é uma poesia. É impossível viver a vida, sentir é impossível vivendo. Estou dentro da vida, mas ela não está dentro de mim. A poesia é a inexistência da vida a existir. Morre, poesia, para que a inexistência da vida possa ser o céu.