Recuperar a solidão mergulhando em mim num fôlego de vida. Não há imagem no céu por onde morrer. Não há olhar no céu. O céu é a despedida do nada que falta no olhar. Não deixo para o céu a última imagem do olhar. Que seja esquecida essa imagem na sua existência, como se eu te visse sem olhar, mas é apenas a minha sombra. Não reflito quando mergulho, apenas me entrego ao pensamento sem pensar em nada. Não pensar é como sentir a alma tão fundo que ela me esmaga com tanto amor. Somos apenas eu e a alma nesse amor. Tudo que desaparece na alma é infinito. Apenas sem nada pensar não sinto vazio. Vejo o significado do nada, sinto-o sair e entrar pela minha pele. Não vou justificar o vazio com o nada. Se minha vida fosse simples como as ondas do mar, viveria eternamente como um mar dentro do mar. O vento sacode o mar dos meus pensamentos. Existir não me faz ser. O vento dissimula a realidade, engana a morte. Minhas lembranças eram apenas o vento. Por isso, gosto do uivo do vento, espanta o silêncio com a noite. A noite não é silenciosa, range dentro de mim. Seguro as mãos do silêncio nas minhas mãos para não me perder de mim. Alma, necessitei em ti o meu silêncio. Esqueci a janela fechada, a alma saiu de mim em algum sol estranho, por isso, não causa estranheza. Deixo a morte sem alma sugando os momentos da morte em cada lágrima que não chorei. Chorei até tornar minhas lágrimas a vida de outro alguém. Não estou distante por viver, apenas diferente. Não precisa carregar minha alma com você. Essa será sua morte, sua condenação.