Blog da Liz de Sá Cavalcante

Sentir amor é nunca ser só

A morte é um perigo para a alma. Perceber ser só é não ser só. A solidão caindo dentro de si, como se nada importasse mais do que ser só. A alma me deixa voltando para mim. Tantas coisas são abertas no nada. O ser desaparece no nada dele mesmo. A sombra da ausência reflete o sol como sendo a imagem de Deus. Não há alma para o nascer. Desapareço na imagem eterna, que é apenas o vazio. Nascer para uma alma isenta de mim é pior do que ter alma. O vazio deve a minha morte, a sua vida. Tudo abandono pelo vazio. A alma vazia de si mesma começa a chorar. Chora, alma, como se tuas lágrimas me alcançassem sendo o meu céu. Não tenho céu interior em mim. O céu treme ao sentir alma, cedendo a alma como se ele fosse o mar do mar, o amor do amor. O céu é apenas céu. O amor é decepção necessária para se viver. O tempo do céu é um fim sem o ser. Tanto amor e nenhum céu. Os meus sonhos de um fim eterno não são o meu fim. O que fala treme sem vida. Eu compreendo que nada tem a me dizer, mas não compreendo o vazio que isso deixou em mim: é como uma voz interior que não se cala. Há algo de calmo no vazio, onde o exterior é apenas essa calma. Há algo de alma que se desprezava, que não precisa do exterior. A vida cessa no mundo. Mas nada tem a ver com você. A vida que não pude te dar, éramos nós, agora não é mais nada. Mas esse nada poderia ser tudo para mim. Não conseguiste nem ser esse nada que beija a lua, encanta o céu. A morte, onde não posso mais esperar a vida pelo meu fim.