Blog da Liz de Sá Cavalcante

Ser outro

O inencontrável é a essência em ser outro. Nada pode ser dito me encontrando. Perder é ser por mim o que sou. O tempo, lugar encontrado no outro eu. Depende de mim ser outro em mim, ou ser outro. Se posso ser poesia, posso ser o que quiser, que não deixarei de ser eu, sendo todos. Tudo que desaparece na minha ausência, não consegue ser eu, mesmo que minha presença não exista, ela desaparece no meu desprezo por mim. Somos iguais por sentir diferente do que somos. O nada é consciência eterna. A eternidade é o possível de ser, a vida é impossível ser. Deixo minhas lembranças no que passou: minha dor. A lembrança machuca mais do que a dor. Sofrer, ser que existe, sem a dor que salva. A diferença entre o ser e o pensar é o amor. A igualdade entre ser e pensar é o sofrer. Quem pensa não é nem o que pensa. Não pensar é ser. Pensar é a barreira entre ser e ser. Se o ser não está no pensamento, está no nada? O nada, tudo pode fazer pelo pensamento, mas não pode tornar meu ser eu mesma. Almas se tornam pensamento na falta de ser. Almas fazem do pensar uma vida. Lágrimas deixam o instante vazio de ser. Nada perdi nas lágrimas, apenas parti para o meu fim. Se o fim fossem lágrimas, eu já teria morrido. Morri pelas lágrimas.