A ausência de sentido é a subjetividade que dá sentido à concretude. Meu olhar é o que vê na inexistência de um coração para amar! Vou começar meu ser pelo seu fim. Quem sabe assim o fim seja outro? O fim do meu olhar, distante do meu fim, vê a morte! A morte tem limite, é vulnerável. Não basta eu querer a vida. É preciso que ela me queira, onde o para sempre acaba! Não basta sofrer. É preciso ser esse sofrer alimentando a alma de morte. A morte não sabe a diferença da dor e da alegria. A morte não sabe que é feliz, que nada mudaria nela. Mas esse desejo de viver é incontrolável. Há sempre uma pedra no caminho de quem se ilude e tenta sorrir. A permanência é o fim do que ia surgir sem a permanência! Minha permanência é de alma! O que busco de inesquecível na permanência é o seu fim. Somente o fim da permanência permanece permanência! Capturando a morte, como sendo o que restou do meu ser! Salvar a morte de sua permanência é lhe dizer que foi um erro me matar, quando a minha poesia dá vida à vida! Não quero me parecer com a vida, quero me diferenciar também de mim. A humanidade não acredita em Deus: razão de existir vida. Sei que não serei feliz com a vida. O fim da vida é a minha história de vida. Subestimo a morte. Ela já provou do que é capaz. Quando eu era morte, me queriam agora. Sou vida e não me querem. Estou só, continuo sozinha na minha morte, percebo a vida. A vida começa na alegria. A alegria de ter a vida é a mesma alegria de perdê-la. A alma dorme eternamente como se tivesse o meu amor! Como viver da alma se ela levou o meu amor? Quanto mais vivo, mais me desconheço. Não sinto a vida passar no meu desconhecer. Talvez, se eu conhecesse a vida, ela seria toda minha? O que deseja a vida, vendo o tempo desaparecer? Ela não sabe o que fazer para o tempo ficar. A alma sabe quanto tempo existe em mim? O tempo é uma maneira de sentir, que não explica a vida e a torna mais confusa dentro de mim! Dentro de mim, a vida partiu para não abençoar minha morte! Mas abençoar já é morrer, sem abençoar a morte. A morte deixa a vida. A vida terá que viver sem morrer. Meu ser não precisa morrer para partir. A vida ensina a viver na alma, deixando o corpo morrer para viver! A vida é muito mais me encontrar do que viver! Mas quero ao menos que a vida saiba da minha existência, que, mesmo na dor, existe! Nada nasceu ou foi feito para existir. O existir existia antes de tudo! A única esperança do ser é a morte, e a de Deus é a vida!