A ausência tem mais sentido do que ser. Ser é ausência de mim. A ausência sabe coisas que não sei de mim. O sentido é sem nenhum sentido. Eu vivo para ser ausente da vida, da morte, que nada significam para mim, em mim! Sou a ausência absoluta de tudo, a vida, a morte, cessam na minha ausência. Não tenho presença, pois ela seria a morte, única presença que eu posso ter. Se eu vivesse, a minha presença de morte não pensaria tanto na morte. Sou submissa. A ausência é tudo que sei, que amei, até eu descobrir que posso ser amada sem ausências, posso ser amada sem mim, mas sempre amarei quem vive em mim como se não houvesse ausências, mortes. No fundo, bem lá no fundo de mim, nunca quis ser eterna. Quis apenas que vivessem em mim. Alguns encontraram seus caminhos, porém continuam vivendo em mim. Outros preferiram ficar com a minha ausência, por ela não ser mais eu! Perdi tantas coisas, mesmo com elas ausentes, pela ausência de mim. Não desejo ausência, nem para quem me fez sofrer antes. A dor me fazia presença da ausência. Agora, sou presença de mim mesma, e junto da vida, verei que a ausência foi um erro, que ela não é amor. Aprendi com a vida a cuidar de mim, sem ausências, sem dor, sem interrupções. Espero que minha presença seja necessária à vida. Mais necessária que a minha ausência foi um dia. Agora, eu sei. A minha ausência nunca foi eu. Minha vida não estava ausente, estava me esperando, para eu perceber que minha presença é minha vida. Ela pode não ser perfeita, mas me faz tão feliz que é como se fosse perfeita. Eu deixei a dor na dor. Enfrentei os meus medos. Agora conquistei a vida com meu amor. Muitos vieram viver no meu amor, que é minha melhor poesia: vocês, que fazem parte de mim de forma única, rara, que fizeram até parte da minha ausência para não me perderem. Agora, vocês me têm como companhia eterna na vida, na morte, na liberdade, no aprisionamento, no silêncio e nas palavras. Não tenham medo de me perder, deixem seus medos nos meus medos, teremos juntos, inseparáveis, as maiores alegrias, apesar do medo de viver quando eu perceber que companhia é uma coisa espiritual, alma na alma, não terei medo. Mas, sou feliz, mesmo com medo de amar, eu amo tanto que meu medo se fez amor também, tudo sempre é amor. Vi que além de aprender a vida pelo que sou, aprendi a amar onde apenas o amor importa, o amor nunca me fez infeliz, eu me fazia infeliz. Aprendi a sorrir, até em meio as lágrimas. Não posso prometer que vou ser sempre feliz, mas posso prometer fazê-los felizes com o meu amor. Nem a minha esperança sabe porque sorri. Está feliz, na fé inabalável de viver, que trouxe vida, onde antes somente havia mortes. Mas as mortes precisam da vida para morrer. Tudo está feliz na morte, na vida, na minha presença que agora sabe que Deus existe tanto, que me amparou em cada luta, em cada ausência, em cada desprezo, Deus nunca me abandonou. Sou eternamente grata. A única coisa que posso oferecer a Deus é o meu amor. Minha alegria, que exala Deus, se expande em Deus, abrange Deus, onde Deus é só. Amo tanto Deus, que nunca mais Ele será só suas palavras, são minhas palavras. Seu amor, meu amor, nem a morte pode nos separar, agora sei o quanto sou feliz, o quanto nunca fui só.