Blog da Liz de Sá Cavalcante

Na margem da consciência

O que falta na consciência é esta margem sem superfície. Recomeçar é não fazer nada pela consciência, que existe mesmo assim. Não há o nada do nada, nem há eu em mim. Mas existe eu no nada. Alegria e sofrer são a presença do nada na alma. A alegria e a tristeza tiveram tudo no nada, não aproveitaram a oportunidade. Sou feliz mesmo sem o nada do sofrer, sem o nada da alegria. A inquietação da alma é sem amor, como um suspiro de cansaço solto no ar que perdi. Esse ar que perdi era o meu tempo de ser feliz. Nunca mais suspirei, deixei o ar livre, como se algo restasse em mim, talvez seja o ar. Não existe ar na solidão, ninguém pode respirar só. Respirar é o outro em mim. Não me sinto viva por respirar, mas me sinto viva por amar. Amo tanto que fico inconsciente de amor. A febre de amar isola a minha alma da vida. A saudade é o refúgio e a fuga das almas. A alma exterior destrói a alma interior que absorve o tempo no tempo. O tempo se foi como consciência da perda de ti.