Quando a vida encontra o mar, ela é apenas a margem do mar. A vida é o único momento vazio, que foi deixado sem viver, os outros momentos vazios foram vividos com devoção, deixados no mar por esquecimento da alma. Daí, veio a desilusão dos momentos feitos com alma, erros nunca deviam ter existido! Não vivi nem mesmo o momento vivido por si só! Momentos de alma me fazem morrer de êxtase, numa aflição, de alegria, onde sei que vivi todos os momentos, apenas para não ser só!
Daí, a alegria invadiu meu ser, e o mar cedeu à vida, deu a ela o infinito de si mesmo. Quando a vida encontra o mar, é porque há esperança, que ela se renove, pelo infinito do mar! As esperanças do mar são as mesmas da terra: que a vida não continue só! Para que a vida não seja só, preciso deixar algo de meu na vida: um sentimento, uma palavra. Quem sabe, amá-la como amo o que sinto? Tudo que sinto pela vida termina em mortes. Nada se encaixa na vida. Quando não posso amar a mim, amo a morte. Por que é tão difícil amar a vida? É difícil, porque a vida não existe, nem mesmo pela infinitude do mar, do meu amor!
A vida não me deixa amá-la, então amo a morte, para que algo tenha um significado, alma, coração. A morte pode ser a razão de tudo. Mesmo assim, desconheço a razão que a razão conhece. Preciso viver, deve haver vida em algum lugar, amor… Mas, dentro de mim, há apenas eu! Não foi possível conhecer a vida como vida, mesmo assim, me perco ao olhar o mar, como se o fim do mar fosse a vida, noutro mar, noutro ser, a se derramar de amor por mim! Faz tanto tempo que sou amada, que estou anestesiada, já senti demais o amor, quero viver, como se cada onda do mar fosse o amor a me buscar, me amar! O amor pode ser encontrado no inencontrável do amor, de mim, do que vivenciei por amor! O amor retornou como mar, como uma esperança vazia, de me afogar em mim, para perder a infinitude de amar!
Para que o amor me ame também! Desde que deixou de me amar, o mar perdeu seu encanto de vida, secou em sua morte. Mar, para que viveste um dia, se eu não o verei novamente?! Agora, morri junto contigo, esta era a poesia que faltava eu escrever: a minha morte! Depois disso, nem o silêncio nem o vento se moveram. Boiavam no vazio do ar, da solidão! Mesmo assim, não há tristeza, nem lamentação: tudo foi como tinha que ser! Essa é a perfeição da vida, essa é a sua sina: a vida sabe o momento certo de se retirar, não é mais necessária sem o mar, o sol, sem a alegria e a vida humana. Às vezes, pareço-me dentro de um mar profundo, mas, em vez de vida, vi apenas o nada, o vazio! Agradece, pois o ser faria a vida sofrer, e a vida faria o ser sofrer, nunca se uniriam, por mais amor que tivessem um pelo outro! Nada restou, nem pelo ser, nem pela vida, nada restou, além de um leve soluço resignado, da presença de Deus!