Tudo desaba, o que nego não é negado. Por isso, cessa o desaparecer: é a afirmação da vida! Nego a vida, como se ela pudesse ficar triste. O que nego existe, o que é negado faz com que o que existe não exista mais, pela própria negação do que é negado. O silêncio é uma negação. A alma é a negação do ser! Tudo que vivo positivamente posso viver negativamente! Mas é a mesma essência. A alma vive para não viver, lembrar. O ser vive para viver no que esquece. Perdas só são perdas se eu sentir como perdas! O que há para perder na vida? Já que não posso viver, sendo a vida perda, transcendo no nada. A ausência de vida nasce, sem morte, sem solidão. O que a vida leva e traz de amor é a ausência do ser! Nada pode ser negado pela ausência, é como se a ausência tivesse que aceitar tudo, pelo ser, que ela não é. A ausência é dormência na alma! Se tudo fosse alma, ela não seria essencial! A essência da alma é não ser tudo, a essência do ser é ser tudo. Por isso, a essência é tudo, o ser é nada! A falta de alma é alma. A continuidade do pensamento é seu significar. Mas, a continuidade da vida nada significa para o meu amor. A vida nada significa, mas, quando estou a viver, a vida ganha significado, perde o meu ser! A falta de significado tem mais valor que o significado. A alma tira a leveza do corpo, o corpo é leve, nele mesmo. Às vezes, o corpo afunda na alma, e consigo enxergar minha fragilidade com alegria. Vejo que não preciso de nada para ser feliz! Até o nada é feliz, flui como alma! Se tivesse que viver, morreria como ser! A ausência é além da ilusão. Construída sem ausência, a ilusão não me ama, eu amo por uma ilusão! A morte manda na consciência, onde a ilusão é o meu olhar! A união do ser e o nada é a ilusão! Quando metade da vida se vai, a outra metade não permanece, nem como ilusão!