Blog da Liz de Sá Cavalcante

Um lugar que não seja meu para a solidão se angustiar

Possuir-me é renunciar a alma em mim. Não posso me renunciar, renuncio a alma, que já é renúncia sem adeus. A essência é separação da alma. A alma destroçada tem essência. A essência são destroços do ser. Há pessoas feitas para a alma, que tudo sentem na alma. Sentir é a fala universal. Nunca me sentirei na alma, prefiro ser só. A alma não é universal, é individual. A solidão é universal, onde o sol é exposto como ser. A angústia é ter alma. Sem alma, sou eterna, no tempo da alma. O tempo, eternidade dividida entre dois seres, que une a poesia ao nada. Palavras me devolvem a mim. Como o fim da alma se tornou meu interior? Pelo meu amor. Fazer alma não é o mesmo que ter alma. O conteúdo da alma é o nada. Mas o nada para a alma é sem conteúdo, é amor. O nada é o amor infinito. A alma é liberada do amor, a plenitude sem amor é a vida. A vida não pode ser o que é, então não é nada. O nada sem o sol não existe. O amanhecer é feito de amor. Sem solidão, não existe o sol, e o amanhecer se prolonga como um resto de vida.