Blog da Liz de Sá Cavalcante

A ilusão da ilusão

Nada mais será vida nesta permanência. A permanência não me faz feliz, a morte não me faz feliz, e a vida é meu único sol de alegria. Um dia, a vida será a permanência do meu amor. Mas ainda serei feliz? Será que basta ser feliz para viver? A ilusão é um mar calmo, tranquilo: como a saudade de ser. Eu existo para me afastar de mim, como um resto de sol a brotar da escuridão do teu sentir. O perfume da morte, única lembrança; eu respiro morte, solidão. Tua ausência me mantém viva, até tua presença me abandona. As coisas se vão, sem nenhuma lembrança minha. Volta, mesmo que seja me abandonando, e o sol e a vida serão apenas ausências possíveis. Nunca mais minha presença sairá do meu amor: ausência de um sonho. O adeus a mim é o único sonho que sonhamos juntas, sem o corpo, a alma, o amor. Não deixarei meu ser sem os sonhos que não tive. O tempo constrói o espírito de alma. Sou o que sonho, como se tivesse o que sonhar. Sonho, pois não há alegria sem os meus sonhos. O perfume da morte é uma oração da vida.