O mar cessa para a vida ser o mar. O mar, ausência que não cessa na presença. Conquistei o mar sem o mar, num abandono do céu, apenas para que eu penetre no mar, seja sua alma, a afogar o infinito. Quem precisa do infinito quando se é feliz? O mar, sem o infinito, é ainda mais lindo, perfeito. O mar não precisa do infinito para ser o mar. O mar é a realidade do sonho. A lembrança exige que eu esqueça o tempo numa lembrança, pois o tempo nunca será lembrança de nada. Deixo-me levar no mar, até me perder no indefinido, apenas para me entregar ao mar, sem ser levada por ele. Meu amor é sem destino, mesmo assim não consigo ser levada pelo mar, fica apenas a saudade de amar, a viver no mar, e eu esperando o mar sem saudade, sem a certeza de morrer. O mar permaneceu na minha morte, isso para mim foi mais do que viver. Sinto-me distante da vida, e a vida fez do mar todo meu, foi quando percebi que a vida não estava distante, estava apenas ausente de tanto amor.