Imaginando o abstrato sem dor, consigo sonhar, pareço livre para sonhar. A solução é o imaginário, onde eu não necessito de mim! Quero apenas imaginar, como se fosse um sonho! Vivo duas vezes: uma ficando e outra partindo! Mas não consigo viver da minha imaginação inexplorada! A alma volta para si mesma, eu não voltarei a mim, se eu não puder me imaginar! Deixo o sonho me imaginar, como se eu fizesse parte dos meus sonhos. Falta a vida chorar pela vida que se foi, para ser vida! Tem vidas que não são vidas de ninguém, são enfeites, acessórios que se usam para não pensar na inexistência da vida! Sem a inexistência, com o que se enfeitar? O que usar para ser feliz?! O espelho é uma vida aprisionada, sem imagem, a única imagem é a do nada. O que vejo no meu ser não é o meu ser, é apenas uma possível aparência a se desfigurar no nada que sou, para poder ter uma aparência defeituosa, não é de vida, nem de morte, é apenas uma aparência vazia ou, então, é o nada da aparência, que aparece mais do que a aparência. Como me preocupar com aparência, se ela é morte, é dor? Mesmo assim, prefiro ter uma aparência a viver?! Mas viver é apenas viver a aparência? A saída para morrer é viver! Para morrer, basta viver! A dor nada é sem o ser, apenas assim a aparência é possível: na dependência da dor, as palavras surgem em mim, como o sol no amanhecer improvável da existência! Tudo amanhece onde nada existe! A alma amanhece sem o amanhecer! Na dor não há ser, há apenas dor! A escuridão não é dor, o ser é dor, mesmo sendo inexistente. Há um fim no infinito do amor, que é mais infinito que o infinito!