Blog da Liz de Sá Cavalcante

Pálida por sonhar

Sem cor, pálida por sonhar, imagino como seriam as palavras dentro do sonho: não haveria poesias no amor. Viver do que está morto, enterrado, é ter sonhos que superam o próprio sonho. Desde então, nada é impossível para mim. O que está morto não morreu para mim: prefiro sofrer. Sofrer diz muito da vida, mesmo com tudo morto. Morto por sofrer? Não aguento guardar o silêncio da alma como se fosse a minha vida. Nunca sentirei algo além desse silêncio, que nunca será viver. Sinto-me útil sem as palavras, como se as palavras me roubassem a alma, com a gratidão das perdas que renunciam o silêncio da morte, com meu amor pelas perdas. É tanta beleza rara em morrer, queria me ver assim: nua de vida, como se eu nascesse das minhas cinzas. Palavras são minha cor, que é desbotada ao ser descoberta. Ser ou não ser depende das palavras. Palavras é tudo que nasce e pode morrer como um sonho. As palavras significam morrer, antes de a tua ausência ser minha alma. Nas palavras, as ternuras amanhecem e anoitecem em mim, sem deixar marcas, fica apenas a alegria de não me calar a quem me escuta com amor.