Respirar o céu, por um instante, faz-me sentir a eternidade do meu amor. Às vezes, não sinto a eternidade do meu amor, sinto paz. A paz é como se fosse a eternidade mais adiante. A ausência de memória me protege de ser. A ausência do ser e a eternidade, juntas, não podem morrer. A ausência não me deixa esquecer, até eu me despedaçar como uma lembrança eterna. A eternidade não cabe na lembrança. A lembrança vale mais do que a eternidade. A lembrança não quer ser eterna, quer ser amada, distante da eternidade de ser. Há eternidades que duram menos que a morte. Deixa a eternidade encontrar seu fim. A eternidade é o silêncio da alma, fortalecendo as minhas palavras num adeus vivo. O adeus morre quando se parece com amor. O adeus é o sempre de cada um. Eu vivi distante do teu adeus, como um sol que não sobrevive à dor. Amanhecer é a única dor visível, real. É preciso coragem para esquecer que a eternidade está mais perto de mim do que o céu. Há lembranças que são mortes perdidas dentro de mim, que precisam ser encontradas antes que eu morra concretamente. Se eu desse um salto para a eternidade, sofreria, preciso sentir meus passos na eternidade, essa é a razão de eu sentir. Não sintam por mim o que eu posso ainda sentir em mim. Preciso aprender a amar só.