Nada mudaria o silêncio da monotonia. A monotonia pousa no silêncio, como um amor que não foi perdido, está onde sempre esteve: no acolhimento silencioso de ser, existindo em ser, dentro da poesia, fora de mim. A poesia é o silêncio infinito, de onde nada surge, mesmo sem vazio. O vazio é a certeza do amor, mesmo no seu fim. Será amor uma ilusão? A ilusão, verdade da alma, que satisfez a morte. A ilusão é a vida do nada. Perder o nada numa ilusão é nada perder. Deixe-me sentir o vazio como perda. A perda não é de ninguém, é dela mesma, contra os ganhos da perda. Tudo tenho nas perdas, menos as perdas. As perdas não são minhas, são das ilusões, onde perder é uma perda de ilusão. O sol é a ilusão de quem vive, a noite é a ilusão de quem morre. A vida suspende a alma na morte. A morte é não esquecer. Estudo meu sentir, leio minha alma, como se a perdesse. É apenas a presença do amor na alma que dá a sensação de perder a alma.