Perdi-me no meio do nada, para não me perder no nada. Apaixonar-me pela mesma vida espanta o vazio, como se eu tivesse encontrado o nada sem a vida. Tudo tem semelhança entre a vida, a morte e o nada. Nada me faz feliz. Amar é me parecer comigo, sem me olhar no espelho. Em vez de dormir, sonho. Sonho tanto, que pareço dormir. Dormir é a ausência viva, a me deixar fugir sem mim. O sentir é uma ausência viva, que desperta o nada. Despertar o nada é lembrar da vida. Não há lembrança no esquecer. O nada lembra sem sentir. O sentir é uma alma sem alma. Perdi-me no meio do nada, tenho a vida sem mim, como se o amor fosse o universo, o ser e eu juntos, para morrer completamente só. Só em mim sem mim, como sendo a mesma solidão. O universo é ausência de solidão, de mundo.