Blog da Liz de Sá Cavalcante

Metade de mim

Metade da metade de mim é minha alma, onde eu sou eu. Sinto saudade de mim sendo eu, assim como a vida precisa de sol. A vida espera, a sonhar comigo. Sonho com a morte, a vida sonha comigo. No amor, vestígios do nada a tornar o amor melhor que o próprio amor. Esse amor sou eu. Esse nada sou eu, sou o que você quiser. Assim, nada é negativo. A lembrança da minha sombra é melhor do que a lembrança de mim, melhor do que minha aparência. Meu rosto é o lado indesejável da aparência. Aparência para mim são sombras que deveriam ser o meu rosto, minha solidão. Minha solidão se perde no meu rosto. Escutam a solidão sem me escutar. Para compreender a solidão, é preciso sentir a sua alma na minha. Faça o que quiser comigo, mas não faça nada de ruim com a minha solidão. Falta sentir muito mais para eu ser minha solidão. A solidão tem raízes, eu não. A solidão é retornar ao nada de pensar. Pedaços do céu a clarear a noite, sem lua, sem sonhos, assim a vida me vê pela minha escuridão.