A poesia me ensina a escrever nela, com o meu olhar do nada. O esquecer me faz esquecer uma morte que não é minha, é do esquecimento. Esqueci o que podia esquecer: eu mesma. Eu, num esquecer maior do que eu, do que a morte, a vida: é o esquecer de não morrer, pior que morrer. Morri, pois não há distância entre o real e o sonho. Distanciei-me por sonhar. Sonhar é me separar da alma, junto dela. A alma já estava separada de mim, por que me separei dela? Há separação na separação? Separar é ter alma, ter amor. Unir é falta de alma, de convivência. Fiz da alma poesia. Amar é liberdade, que me faz saber quem sou, antes mesmo de ser. Sou mais do que um ser, sou amor! A obscuridade do ser é o tempo, que me faz não ser. As estrelas são o meu coração tentando amar, onde já amo. Apenas as estrelas podem se despedir morrendo como se fossem o céu. Nada pode ser o brilho das estrelas, nem mesmo o céu. Há estrelas no meu confinamento emocional. Há estrelas sem estrelas. A ausência das estrelas sou eu a desmaiar estrelas. O nada tem um olhar todo para si mesmo. Acredito na força do olhar, que sempre verei estrelas. A lua, despida de mim, dos meus olhos, faz-me sonhar com o sol. O sol é a saudade essencial de se viver. O silêncio é o olhar do nada, onde não morri.