Blog da Liz de Sá Cavalcante

Desgarramento da consciência (separação)

Separei a consciência do que sou, não de mim. A consciência não me deixa ser, existir, é minha inimiga, sou refém do que não amo. Se não amo o amor, necessito-o? Amor é um vício de ser, que domina a alma, torna-a impura. Impura, como se fizesse o sol nascer. Nada nasce, queima-se sem o sol. Não há sol nas lembranças, mas há alegrias nelas. Eu confio no amor, como se fosse o sol a chorar. Chora, sol, não é o único sol que chora, há também o sol do meu sofrer. Nada é feliz, o amanhecer não é feliz, compreendo a sua tristeza na minha. Mas, sem minha tristeza, compreenderia você?! Amanhecer, você é tão sagrado, que é triste. Sou triste por vê-lo me vendo. Você, amanhecer, é a certeza de que existo no amanhecer mais sublime, parado como uma lagoa nostálgica. O céu não é o amanhecer. Amanhecer é viver, mesmo que anoiteça. Apenas o amanhecer cuida da noite, como de um filho. A consciência é o sol, a chuva, o vento, a tempestade. Aos poucos, perco a memória do amor, como um mar que não seca. A distância aproxima a lembrança da vida. Eu esperaria uma vida inteira para sofrer tudo de novo, apenas assim me sentiria viva.