Blog da Liz de Sá Cavalcante

Trocar de alma é morrer

Abraçar com um único olhar a vida, morrer emendada na vida, como um olhar que surge do nada em meu olhar. Olhar a vida sem viver, amar morrer, como se morrer fosse minha sombra em busca de mim. Amar morrer é o que tenho por dentro de mim. Morrer em sonhos que não teria em vida. O que faço para que o nada apareça na minha solidão, como se eu tivesse fé no nada? Fé no nada é mais do que fé, é devoção ao nada. Maneira secreta de viver. Nasci com a fé no nada, nasci partindo na vida. Nasci na despedida do adeus, mas sem ficar, existir. Abraçar o nada é não me despedir sem alma. Sem alma, sem adeus, mesmo assim é fácil morrer sem alma, sem precisar de um adeus. A alma, de tão inexplorada, não existe mais. Não consigo continuar a morrer como se meu sentimento fosse nada, nulo para mim. Como posso estar a sentir? Meu ser para si mesmo é a inexistência do mundo, da vida.