A imagem das coisas não é o que imagino delas. Olhando, deixo de amar as coisas, as pessoas. Vejo sem buscar uma imagem. Vejo tudo sem uma imagem. De uma imagem, não posso fugir: a da morte. Ver é a imagem, nela cessa a morte, pela imagem da morte. Tudo sem imagem é com alma, amor. Por isso, para mim, tudo existe sem imagem. Não quer dizer que a imagem esteja distante, inacessível, e sim que não quero vê-la, cessaria sua essência, alma. A poesia é uma imagem sem imagem, vejo o que quiser nela, sinto-a na falta de mim. A falta de mim é a imagem da poesia, que faz a vida desaparecer nessa imagem.