Manifestar amor em sofrer é sofrer tanto quanto a vida. A tristeza da vida é o ser que não se isola da dor, esforçando-se em sofrer pelo meu ser. Quem pode dizer o que é amor? A inexistência é me matar, de várias maneiras, até ter certeza de que morri, para não sentir o amor. A delicadeza de eu morrer é a morte se perdoando. Não diga que a morte não é nada, ela precisa ser algo para se morrer dela. A morte me dá a si mesma, para eu morrer. A angústia de morrer é a de escrever a vida com morte, mudando o sentir da vida. Se a vida quiser morrer, nenhum pensamento mais será morte. A morte é de todos, uns têm mais, outros têm menos, mas a morte está dentro do ser. O ser não morre interiormente, já morri dentro de mim como ser, como água, sol. O tempo não me deixa morrer como a vida me deixa morrer. Não vou encontrar morte na morte. Ser é uma homenagem à morte. Será que minha vida não quer amar? Eu senti seu amor ou foi delírio? Sei que cheguei até o nada da morte. Senti pena da morte, não de mim. É tão real morrer, que antes estava sonhando, como se algo se aproximasse da minha morte: o meu cheiro no seu cheiro perfuma a morte de lembranças. Viver pela alegria de morrer. O que nascerá da morte, queria que nascesse em mim. Degusto as palavras, como se elas não morressem comigo. Quando o corpo ficar vazio de amor pela lembrança do amor, morrerei com a animalidade do meu ser. As palavras não alcançam meu instinto de morrer. Separar a vida na morte. Abençoar Deus com meu amor, esse é o milagre do amor, que une o divino ao humano. Enfim, a solidão.