Blog da Liz de Sá Cavalcante

Alegria silenciosa

Ter faz mais falta do que não ter. Por isso, decidi não ter alma. Perdi-me numa alegria desesperada de ser, existir. Quero uma alma simples, que realmente continue a minha alegria e faça da minha alegria a alegria de todos. Essa é a verdadeira felicidade, onde a alma é leve, sem importância, por isso me faz feliz, como se tivesse vindo até mim pela minha alegria. Minha alegria é minha melhor companhia. Este sempre é apenas ser feliz. Imagino seus passos, presença do mundo perdida em nós. A alegria não precisa de motivo para ser feliz. Para mim, a vida é este caderno, onde deixo minha vida. Nada significa sem palavras. Eu criei a palavra do que já existe sem palavras. A palavra sempre existe, por mais que eu morra, a palavra não vive, não sei como existe sem viver. A palavra é um pouco ser, um pouco descuido, um pouco de cuidado. Palavra, única eternidade sem vida, por isso respiro palavras, sem desejá-las, elas vêm a mim, como se tivessem me esquecido. Quando lembrava de mim, não existiam palavras, esqueci-me junto das palavras que ainda existem, para eu ter certeza da minha inexistência, não me importa se a vida são somente palavras. Existo na inexistência, como se escrever dependesse da minha inexistência. Apenas a escrita depende de eu não existir. Existo eternamente pelas palavras mais inexistentes do que eu. Fiz da inexistência poesia, não para tudo existir, mas para não ser esquecido.