Blog da Liz de Sá Cavalcante

Dor de sangue

A dor sem alma percorre meu sangue, começa a doer, como se não existisse dor na vida. A vida não é um castigo, por isso é dor. Quero sair do meu corpo, não de mim. Quero lutas sem sangue, por amor. Quero que a tempestade seja o meu sol. Quero que não apenas eu, mas que minhas lembranças sejam o sol de cada dia, a vida de cada dia, para romper silêncios. Para que vencer? Nada se restringe à sabedoria. Sabedoria não é silenciar. Sinto meu corpo em mim, como um deserto com sede de espinhos. Eu refleti no nada, buscando em mim o que existe apenas no nada. O nada tem uma alma apenas sua. Deixa o coração esfriar se a alma se esquentar. Quero vida, morte, desde que seja de verdade, tão verdadeiro, que não sinto falta do infinito. Sinto falta de quando não era nada, de quando meu sangue reagia ao nada do meu corpo. O sangue quer viver, o corpo não. O sangue é minha única vontade de vida? O que significa lutar? O dormir da ausência é a vigília da alma. Não há alma sem ausências. O que se tira do ser não se pode dar ao espírito. A ausência não dura a lembrança de um adeus.