Blog da Liz de Sá Cavalcante

Eternidade (para pai)

O olhar é apenas uma lembrança, por isso não é só. Olhar é ser anterior a mim. Parece até que o mundo veio de um sol distante, isento de mim. Viver pelas coisas sentidas, sem precisar me sentir, é a libertação da eternidade, descoberta no meu amor. Meu amor não quer ajuda, e sim eternidade. Se a eternidade fosse um sonho, duraria mais. Tocar é uma sensação de vazio extremo, que leva à morte, no fundo de mim, eu queria apenas um abraço, mesmo que ele fosse intocado. Intocado na alma. Meu corpo e meu abraço se encontraram e se realizaram sem mim. A sensação é a falta do corpo. Nada vivi pelas sensações, sensações não são sonhos. No dia em que a sensação for sonho, existirá realidade num abraço. Nada precisa existir depois de um abraço. A solidão é o abraço da alma. Não há depois se não me convencer, num abraço apenas nosso, onde a presença da alma é inútil, ela não pode substituir você. Seu abraço é vida. Nada necessita acontecer depois de um abraço, é apenas amar, ser feliz.