Blog da Liz de Sá Cavalcante

A poesia não se compreende como poesia, e sim como sendo o nada

Se eu morrer, viverei na luz do dia. O dia, sem poesia, dura eternamente, mas é imperfeito, tão imperfeito quanto ter amor. O amor, na poesia, o dia é perfeito, dura pouco, como uma alegria que permanece, mas não dura. Abandonar a poesia é esquecer o nada de mim mesma, sem regressar ao vazio de um pensar vazio, é tão vazio, cheio de luz. Comemorar a poesia sem poesia é como existir apenas em mim. A existência sem poesia é o suspirar do nada, como sendo a poesia da poesia. Eu não morri poesia, vivi poesia, tão eternamente que não posso morrer. A poesia é a eternidade do meu pensar, do meu amor. Apenas a poesia pode me fazer morrer, pelo sol que me ilumina, reduz minha morte, para eu sofrer. Sofrer não me impede de ser poesia. Minha dor cura a vida da vida. Sofrer não é a razão da poesia, mas pode ser poesia no fim da poesia, onde posso sofrer.