Pela alma, a alma não vive, ela é. Na alma, tudo é como tem que ser. No ser, a imperfeição da alma não é o que tem que ser. Mas, alma precisa ser algo? A alma não vive, por isso sinto falta da alma. A alma me tem, fora dela. Vivo pela alma, não por mim. Não há alma que dure na alma, dura no ser. A alma não tem essência, dou minha essência para a alma, no desaparecer da minha solidão. Minha essência me torna só. A falta que me faz morrer não é a presença da alma, é a minha presença, como sendo continuação da vida. Morrer é o fim do infinito, que ainda brilha em meus olhos. Morrer é como se eu pudesse, ao morrer, ao menos ver alguém, ver a vida, sem os ter, os tenho no olhar. Meu olhar, única convivência comigo mesma. A alma é minha única presença, quando tudo me deixa. Percebo como a presença humana é superficial. Apenas a presença sabe da alma, na minha ignorância de ficar. A vida é ficar em mim, para não me sentir alma. A alma vive enquanto eu viver.