Não sei se é possível terminar de morrer se tudo acabou. Ventania de morte cura a minha pele, fabrica Sol na minha desolação no Sol. Nunca amanheço. O Sol me dá abertura para não saber quem sou eu, mesmo assim ser eu. Pendura-me na morte. Não vou cair, vou me reerguer, ser fiel a minha tristeza, a minha essência de morrer sem o fim. Não sei o que é a alma ao morrer, nem sei quem sou ao morrer. Minha liberdade é imortal, respira solta pelo ar. Minha imortalidade dificulta a vida de existir, mas existir já é uma imortalidade. Eu sou a imortalidade da minha alma. Eu me puno por isso. Tudo é possível na morte. Se despedir é morrer também, sem o peso da cruz. Apenas a leveza do vento como despedida. Doce, interminável, como o fim do meu coração.
