A dor é uma eterna lampeja em uma desistência de mim. Sinto ainda sua presença na minha. Presença é dar presença à dor. Eu sou seu suporte, seu adeus parado por morrer de mim. Presença é aceitar a ausência de pensar, ser. É ser mais que eu mesma. Ver-me nas coisas, no Sol, na vida, na poesia, mesmo que a alegria seja clandestina. Ser, nunca ser, é a mesma alegria, amor, vida. O ser se demora no nada, no vazio. Tudo isso para ser um ser. Separo-me de mim com o nada impregnado na pele, na sede de pele que nunca acaba. É invisível a dor, mesmo na pele a sangrar. Assim a dor acaba. Ainda não consigo ser eu.
