Blog da Liz de Sá Cavalcante

Isto é para o ser

Aproximar o mundo do mundo, a alma da alma, um corpo doutro corpo é mais difícil do que ser. Isto é para o ser. O sonho é a falta do mundo no mundo e o adeus adormecido me diz adeus onde desperto a vida no consolo de um adeus. Vitalidade na falta ameniza o viver. Nenhum contato do mundo é feito do ser. Ser é o ar sem vento, é a monotonia da vinda de um Sol. A fala, recusa de ser no ser. Tudo falta em ser, por isso o ser é o que lhe falta. Falta não é perda, é necessidade da falta e faz nascer o Sol do ser. O que se faz Sol não é o Sol, é a ilusão do nada. O sentimento do mundo é o Sol sem mundo. Morrer mais que morrer é se sentir, sem se sentir na morte. A busca por ver fez eu parar de ver. Meu único ver se perdeu em vida. Escuto sem conhecer o que escuto. Vivo o escutar como uma sombra, que embaça o silêncio. É um possível um silêncio protetor de vida. O Sol, quando se escuta, fica refém da sombra, mas a sombra é um bem tão especial, que me envolve sem me fazer viver. Viver é sem sombra, é inútil. O céu não se torna luz. O céu se fecha em céu. Tudo está bem no céu que foi perdido. O céu tem palavras desconhecidas, mas não se pode anular o céu por parar o meu coração, que sente o parar do meu coração como música, como uma nova vida, onde recupero o céu em um silêncio de morrer. No morrer sensível, onde viver é a manifestação de morrer. Não há momento para morrer, se morre sem momento nenhum. Morrer é um ser a mais dentro de mim. Sou pessoas em uma só: eu, mim e o meu interior. A morte silencia falando, ama odiando a morte. A morte é um lugar no mundo. Sem mim não há céu na morte. Tudo é lamento, até o céu ser vida. Tudo se ama sem vida, e assim o amor desce ao âmago do ser. A luz é sem a imaginação.