Blog da Liz de Sá Cavalcante

Conhecimento

Eu me afasto de mim para ter conhecimento. A realidade nada faz, nada é na vida. Um dia o conhecimento será a vida que eu quis. Nem para o conhecimento posso falar da minha dor – apenas eu sei, sou eu que sinto. Olhar não é ver, é compreender sem conhecimento. Deslizar nas estrelas. O mundo do meu corpo é estrelas nunca vistas no céu, no Sol da madrugada. Nada desaparece de mim, nas minhas cinzas. O céu canta a morte amanhecida na rouquidão da noite. Meu tempo é o tempo da morte. O nada não tem efeito no corpo. É tão real a morte que às vezes eu quero morrer nessa realidade. Nada mais é real. Ser mata mais que a morte. O sonhar é ferida aberta. Nem no instante de morrer choro. Há coisas demais a resolver dentro de mim e a vida se foi. A alma é o impacto do nada em mim. Para entender o mundo físico tenho que renunciar o melhor de mim: eu. O mundo do corpo é o que sustenta o céu na morte, em um único corpo: o meu. O corpo é para sempre. Eu não. Quando o céu não se levanta, o corpo acha fácil morrer e viver. O céu é apenas o pressentimento que o corpo não se separa do ser – é apenas uma sensação diferente do amor, do ódio. Se sou apenas sensação, meu corpo, minha alma, são sensações fora de mim. Fora, dentro… É o mesmo permanecer. Permanecer é não ter sensações, ser esse único instante, perdendo-se no ar. Nunca mais o ar e o instante foram os mesmos sem mim. Sensação é perder o amor e amar para sempre a vida pelo amor que perdi.