A dor se faz dor. Não há dor no ser, há dor na insensibilidade. O ser é a sensibilidade da ausência. O sonho não dura o que o ser é. Se a insensibilidade me faz perceber a ausência, sou humana. E a sensibilidade me faz ser eu. Eu, sem a sensibilidade, sou como a vida sem o Sol. O Sol é a harmonia da vida. A dor do Sol é vê-lo. O Sol é a invisibilidade do ser, onde as mãos alcançam o ser. A linguagem se torna pensamento em uma escrita incriada, crua. Nada vivo ao pensar. As lágrimas são o pensar puro, verdadeiro, de alma. O silêncio distrai a imagem. Fica apenas a imagem do silêncio, contando o ar. O ar cortante não me afeta. O que me afeta é o infinito, a me cortar em pedaços, para haver infinito.
