Blog da Liz de Sá Cavalcante

Palavras

Os detalhes insignificantes das palavras são a alma. A palavra é maior que a visão do mundo. Palavras são ser inexistente. Em mim, não se apaga o ser. O sonho é a palavra do olhar. A palavra é inapreensível no amor. A palavra, prisioneira da falta do amor. Desce na alma sem se esvaziar. A palavra é a desistência de Deus. Elaborar cada palavra para não viver nela. Sentir a palavra sorrir é não precisar da palavra. Nada se pode sentir na alma. A palavra é indefesa no amor. Nada é lembrança. Tudo é alma, transcendência, imaginação. Jogar a alma, que é pedra, nas águas do ser. As mãos sem almas não são mãos, são a aparência do possível no imaginar da alma. Transcender sem a transcendência, é um corpo de alma sem precisar do ser, de ser. O anterior à vida é infinito. O depois da vida é apenas um corpo de alma a dar vida ao céu. O mundo é um céu arrebatado pelo incendiar da alma no meu pensar. Palavras podem ser o que quiserem. Eu sou apenas eu. Nada vem das palavras. O ser vive a sua ausência como se fosse eu com minhas palavras. Ser apenas um ser apaga as palavras, reinventa o ser de palavras. É no impossível que desvendo as palavras, é como abrir uma janela na alma. É triste a alma que não sonha, que se concretiza como um mármore de adeus. Como manter a relação na relação? Nas palavras, mesmo me sufocando. Há coisas que brilham sem luz. Minhas mãos se afastam como poesia e, ao tocar o mundo, esquecem o amor.