A necessidade é o que o ser não precisa. Sentir a dor não é ter a dor. O amor está morto dentro de um amanhecer excluído do mundo. Toda a vida não é a dor existente em mim. Ela está fora da vida. O instante é apenas não ficar em mim, sem conseguir chorar. Nada é o meu chorar, por isso não estou vazia. A falta do vazio me fez morrer. Nada desaparece sem a falta vazia de mim. Morrer e viver é a subjetividade do ser. A concretude do ser é não viver, não morrer. A morte vem de dentro de mim para a vida. Vida é o que está fora de mim, está debilitado na vida de fora. A alegria vem e, partindo, fica em mim. O nada é feliz como uma alma vulnerável, desconectada de tudo, por isso não morre. Confio no que sinto. Tropeço em almas que fogem de mim e as encontro em um talvez de mim. As sensações afastam as almas com a ilusão de ficar. Preciso de almas para acalmar o meu amor. A alma é superior a mim. O amor é superior a tudo. Nada pode tornar o amor em amor. Temos uma ideia vaga, um pressentimento do que é o amor. É um mistério. Os dias se misturam solitários, deslizam no ar. Há diferença entre pensar e ser. O pensar é algo morto, nunca está pronto para a vida. O ser é mais essencial do que o pensar, é amor. Pensar, fim de mim mesma, em uma transcendência apenas de corpo, onde a alma é mais intensa do que o morrer.
