Blog da Liz de Sá Cavalcante

Febre de alma

No começo, o amor era febre, morte. Abrandou e tornou-se despedida da falta de amor. Silêncio é uma ilusão. Ninguém vive de silêncio, de dor. O nada é um monstro. Educa o silêncio como se fosse um tesouro. Minha alma não reage ao silêncio. Estou dentro do silêncio e falando no silêncio. É como reviver as palavras no silêncio impecável. Vou reagir, vou falar qualquer coisa que não possa ser o demônio da morte. Recuso-me à sua verdade: a exclusão do silêncio, a minha exclusão. Preciso ter o meu silêncio para me ter. O silêncio é uma marca deixada no meu amor. Seu rosto celebra o silêncio da minha morte com a sua dor, seu alívio, sua despedida eterna. Faltam muitas despedidas, muitas mortes para me matar. Estou triste no impossível de ser eu, de amar você. Criei, vivi um amor inexistente. É difícil dar um fim ao que não existe. A alma se alimenta de um amor que não existe para poder morrer no real, perdendo a alma para amar.